Mesmo com sua imagem bastante vinculada à Ferrari devido ao histórico vencedor na escuderia italiana, pela qual faturou cinco títulos e venceu 72 dos 180 GPs que disputou com os carros vermelhos, Michael Schumacher ainda é ligado contratualmente a outro time, que defendeu em seu retorno à categoria, entre 2010 e 2012: a Mercedes. E foi justamente à equipe alemã, pela qual correu 58 provas (subindo ao pódio apenas uma vez), que ele deu sua última entrevista antes do acidente de esqui sofrido na estação de Méribel, nos Alpes Franceses, no último domingo. Fazendo um balanço do desempenho do time na temporada 2013 da Fórmula 1 em um vídeo divulgado no site do time justamente no dia do acidente, Schumi fez muitos elogios ao tetracampeão Sebastian Vettel e disse não estar mais sentindo falta da categoria. Graças, segundo ele, à sua “nova vida” fora das pistas, na qual seu contato com os carros se restringe a exibições e eventos especiais.
- A Fórmula 1 é com certeza o mais alto nível do esporte a motor, e é ótimo guiar o carro. Adorei quando fui a Nurburgring para pilotar, mas hoje encaro como uma diversão. Fazer isso seriamente, não mais. Estou cansado disso. A Mercedes me deu a opção de continuar (a correr em 2013), mas eu decidi parar. Comecei uma nova vida e ela está muito legal. Especialmente se compararmos com minha primeira aposentadoria, realmente não estou sentindo falta. Tenho muitas outras coisas prazerosas para fazer – frisou o alemão.
Entre as “muitas coisas prazerosas”, o alemão não citou o esqui, um de seus esportes favoritos, e que acabou por lhe causar um traumatismo craniano ao bater a cabeça em uma pedra. Mas a lista, sem dúvida, é longa. Apaixonado por motos, hobby que causou alguns acidentes após sua primeira aposentadoria (que durou de 2007 a 2009), Schumi foi visto nos últimos tempos em competições de adestramento de cavalos nos Estados Unidos, e fez uma série de saltos em paraquedas de alta performance em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde encontrou o brasileiro Luigi Cani, referência mundial no wingsuit, em dezembro.
Falando sobre F-1, Schumi elogiou evolução da Mercedes
Evidentemente, a evolução da Mercedes entre 2012 e 2013 foi tema de uma das perguntas respondidas pelo alemão. Que fez questão de ressaltar que o período no qual esteve no time ajudou no sucesso alcançado em 2013, quando os alemães fizeram oito poles e venceram três corridas com Nico Rosberg e Lewis Hamilton ao volante.
- É um grande resultado, particularmente se considerarmos onde a equipe estava no fim do ano passado. Ninguém poderia imaginar que ela sairia do quinto lugar no Mundial de Construtores para brigar pelo título. E eles fizeram isso! Agora é focar em 2014. O que nós fizemos no passado está funcionando agora, e mesmo com Ross Brawn decidindo sair, há as pessoas certas para os lugares certos, uma boa base, e creio que a Mercedes brigará pelo título no futuro. Espero que isso aconteça – explicou Michael.
A próxima temporada, quando a categoria sofrerá uma das maiores mudanças de regulamento de sua história, também foi abordada. Na contracorrente, Schumi declarou que a alteração dos motores – que passarão dos V8 aspirados de 2.4 litros para os V6 turbo de 1.6, com auxílio de dispositivos movidos a energia elétrica e cinética – não será o ponto mais importante na nova relação de forças da F-1.
- Penso que não devemos esperar muitas mudanças por causa dos motores, porque a aerodinâmica sempre deixa os motores em segundo plano, e sempre será assim no futuro. O melhor carro será o melhor pacote. O motor fará diferença dentro do pacote, claro, e a Mercedes está entre as melhores neste aspecto.
Para o alemão, Vettel pode quebrar seus recordes
Maior recordista da história da Fórmula 1, com sete títulos, 91 vitórias, 68 poles e 77 voltas mais rápidas, Schumacher fez elogios ao seu compatriota Sebastian Vettel, que em 2013 faturou seu quarto título consecutivo e chegou a 39 vitórias e 45 poles. Tudo isso aos 26 anos. Em vez de ser visto como uma ameaça, Vettel foi elogiado por seu ídolo Michael.
- Ele fez um bom trabalho, foi muito consistente. Venceu todas estas 13 corridas, e o Mark Webber apenas uma, no fim do ano. É bem chocante o que ele fez com seu companheiro, que sempre é um ponto de referência. Definitivamente, ele é um verdadeiro campeão, estou feliz por ele. Se alguém tiver que bater meus recordes, prefiro que seja ele em vez algum outro. Eu fiz o que fiz na minha época, ele está construindo sua era. Fico feliz por ele – disse o heptacampeão.
Fonte: globoesporte.globo.com