Você pode estar sabendo da orientação sexual do atleta do salto ornamental Ian Matos, 24 anos, antes ainda dos pais do esportista. Decidido, ele resolveu tornar pública a orientação sexual sem achar necessário informar parte da família, somente a duas irmãs. Atleta do Fluminense, ele começou a treinar no clube na última segunda-feira (6) após uma temporada de sete anos em Brasília. O foco são as Olimpíadas do Rio, em 2016, onde a presença dele é quase certa.
Paraense da cidade de Muaná, Matos conversou sobre a homossexualidade a esta reportagem com a naturalidade e a personalidade de quem é dono do próprio nariz desde o final da adolescência, quando saiu de casa para morar na capital federal. “Desde os 18 anos sou eu quem cuida da minha vida, em todas as decisões que tomo, eu só informo que vou fazer”, disse aos risos. “Em 2011 eu queria contar [que é gay], mas aconteceram vários problemas na minha família, meus pais se separaram, muito bafafá, aí não falei nada”.
Foi três vezes campão brasileiro no trampolim de 1 metro e é o atual campeão na plataforma de 3 metros. Seguro, afirmou estar preparado para as consequências de “sair do armário”, como a fuga de patrocinadores. “Até porque não tenho patrocínio nenhum. Sempre fui pobre”, brincou.
Ao lado do também atleta do Fluminense, Luiz Felipe Outerelo, tem a melhor marca do país no salto sincronizado. Por ser o Brasil sede da competição olímpica, a melhor dupla nacional tem vaga garantida na final da competição. A primeira meta de Matos é chegar à final entre as cinco melhores duplas do mundo.
Embora tenha se destacado no esporte muito cedo, ele teve que enfrentar a homofobia de colegas de competição. Contou que muitos adversários diziam que não queriam perder “para aquele veadinho”. “No começo me incomodava, depois passei a ignorar, e fazer a minha parte. acho que [depois da entrevista] o povo vai pensar duas vezes em falar alguma coisa”, disse bem–humorado.
O atleta acredita na importância para a sociedade de tornar pública sua homossexualidade. “Eu poderia levar a vida só com as pessoas próximas a mim sabendo da minha orientação sexual. Mas acredito em legado, e que pessoas que estão na mídia são formadoras de opinião. Então, por isso, acho que tenho compromisso de mostrar que ser gay não é um defeito, não é isso que te define. E que você pode ser feliz do jeito que você é”.
Fonte: odia.ig.com.br