A confusão que marcou a primeira luta de Yamaguchi Falcão no boxe profissional e terminou com a desclassificação do capixaba e também de seu adversário, o argentino Martín Fidel Ríos, no último sábado, continua dando pano para manga.
Depois de criticar a decisão do árbitro José Bezerra, que desclassificou os dois pugilistas no início do terceiro round alegando uma “luta suja”, Yamaguchi voltou atrás e reconheceu que o combate realmente não foi limpo.
“Existia muita pressão nessa luta e o duelo não foi limpo. Mas acho que o árbitro exagerou em sua decisão. Ele acabou com a minha felicidade”, disse o capixaba, que, dentro da regra do boxe, levava vantagem no ringue.
Entretanto, nos dois primeiros rounds, o duelo já dava indícios de que não terminaria bem.
Mesmo após o comando de “stop” (“pare”) do árbitro, o argentino desferiu socos na nuca de Yamaguchi, o que é ilegal. O capixaba, por sua vez, não deixou barato e revidou com uma ombrada no gringo. O argentino também provocou o filho do ex-boxeador Touro Moreno com uma cusparada.
Apesar do ocorrido na Arena Santos, em São Paulo, Yamaguchi acredita que sua imagem não será arranhada. “Minha carreira ainda continua. Eu não coloquei derrota no meu cartel”.
Uma coisa parece certa: o capixaba não pretende mais lutar no Brasil. Contratado da Golden Boy Promotion, o pugilista prefere que seu próximo combate seja nos Estados Unidos.
“Já conversei com meu empresário. Ele me queria colocar para lutar em Santos de novo, mas desse jeito é muito difícil. Fiz um pedido a ele, para que me coloque para lutar nos Estados Unidos. Não faço mais questão nenhuma de lutar no Brasil”, avisou Yamaguchi.
Por contrato, o capixaba deve fazer mais cinco lutas ainda este ano. (Com informações do Globoesporte.com)
Apoio do irmão
Medalhista de prata nas Olimpíadas de Londres-2012, Esquiva Falcão comentou a confusão que acabou com a desclassificação do irmão, Yamaguchi, na luta do último sábado. “Eu esperava um nocaute do Yamaguchi, mas, infeliz- mente, o árbitro desclassificou os dois atletas. Acho que o árbitro poderia ter chamado os lutadores antes e avisado que, se errassem de novo, os dois seriam desclassificados. Quero deixar um recado para o Yamaguchi levantar a cabeça e continuar treinando, porque o Brasil está com ele”. “Yamaguchi, SAIBA QUE o Brasil está com você” ESQUIVA FALCÃO
Análise - Acelino Popó Freitas - ex-lutador
“A luta estava quente, os caras entraram muito tensos no ringue. Toda a mídia nacional e internacional estavam voltadas para essa luta. O árbitro poderia ter um pouco mais de paciência. Podia ter desclassificado apenas os córners que entraram na confusão. Poderia ter tirado um ponto do argentino, que cuspiu. E os dois se agrediram, é fato, depois do gongo batido. Também faltou experiência ao Yamaguchi, que entrou na catimba do argentino. Mas o argentino ter cuspido é agressão muito grande. Isso mancha o esporte. É uma luta que nem precisa de revanche”.
Análise - Daniel Fucs - comentarista de boxe
“Estava todo mundo nervoso. Os dois boxeadores se excederam, com golpes irregulares. Mas o árbitro também foi um pouco precipitado. Ele deveria ter parado a luta em determinado momento e chamado os pugilistas no centro do ringue. Poderia ter feito isso no segundo round e dado uma advertência séria para os dois. A partir daí, se continuassem a se agredir e cometer irregularidades, deveria marcar faltas e tirar pontos dos lutadores. Mas nunca partir para uma desclassificação direta”
Fonte: gazetaonline.com.br