Vendedora, 21 anos, morena e com cabelos longos e lisos. Esse é o perfil da jovem apontada pela polícia como chefe de uma quadrilha que sequestrou uma família na noite do último sábado (18), em Vila Velha. Armada, ela foi a articuladora da ação que contou com a participação de outra mulher, o pai da vendedora e mais três homens.
De acordo com as vítimas, uma consultora de belezas de 28 anos e um engenheiro civil de 38 anos, eles haviam acabado de sair de uma festa junina na casa de um amigo e seguiam para casa com o filho, de 1 ano e 11 meses, em um Fox branco. O engenheiro dirigia o veículo, enquanto a mulher dele acompanhava o filho no banco de trás, enquanto a criança estava na cadeirinha.
“Avistamos um semáforo fechado, no bairro Vale encantado, com um carro parado. O carro deu ré, meu marido pensou em dar ré também, mas no mesmo momento dois homens saíram do veículo armados e vieram na nossa direção. Aí vimos que não havia chances de fugir paramos”, contou a consultora.
Ela afirmou que os criminosos entraram no veículo e exigiram que a família não saísse. Um dos bandidos assumiu a direção do carro, enquanto engenheiro passou para o carona. Já o segundo acusado, sentou no banco de trás, ao lado da consultora de vendas e o filho.
“Eles nos mandaram ficar de cabeça abaixada e olhos fechados. Pedi para retirar o meu filho da cadeirinha e deixá-la no meu colo e eles autorizaram. Eles falaram que não fariam nada com minha família se a gente colaborasse”. Depois de um tempo a dupla parou e entraram duas mulheres no carro. Eles passaram a cadeirinha para frente, a colocaram no banco do carona e mandaram o engenheiro ficar abaixado no chão do veículo. Uma das mulheres sentou no colo do criminoso que estava no banco de trás e a segunda mulher sentou ao lado deles, também, atrás, com mãe e filho no colo.
As mulheres chegaram a dizer que não queriam render uma família, mas que as vítimas estavam “na hora errada e no lugar errado”, pois o grupo precisava do veículo para cometer um crime.
Após alguns minutos, o homem que dirigia o carro saiu do veículo e a vendedora E.L.F. assumiu a direção. O trio perguntou à família qual era o motor do carro, ao escutarem que era 1.6, responderam que o veículo “não servia” e que precisavam de outro. A família ficou cerca de uma hora sob poder dos bandidos, até serem parados por policiais militares.
O que a gangue não imaginava era que assim que renderam a família em um semáforo de Vila Velha, uma pessoa assistiu toda a ação. A testemunha entrou em contato com a Polícia Militar, que iniciou rondas na região de Vila Velha e Cariacica, pois o veículo seguiu na direção do município vizinho.
Policiais do Grupo de Apoio Operacional (GAO) iniciaram rondas no bairro Rio Marinho, bairro de Cariacica que é vizinho do município de Vila Velha, quando avistaram um Fox branco. Os PMs deram ordem de parada. Foi quando a vendedora E.L.F., 21, ordenou que todos fingissem ser parentes e amigos.
“Ela já desceu do carro dizendo que conhecia um dos policiais de um hospital de Vila Velha. Já tentando dispersar a guarnição. Depois ela falou que todos no carro eram amigos e familiares e interrompia toda vez que tentávamos conversar com as outras pessoas. A E.L.F., sem dúvidas, era a cabeça pensante daquele grupo. Ela era a grande articuladora”, apontou o cabo Calos, do GAO, que participou da prisão.
Os policiais revistaram os suspeitos e encontraram uma pistola calibre 180 na cintura de E.L.F.. Com o homem que estava com ela, de 38 anos, foi encontrado o carregador da pistola e 25 munições. Dentro do carro estava também a acusada G.S.A., de 18 anos, e uma touca ninja.
“Apesar das vítimas confirmarem a versão da E.L.F. de que todos eram amigos, era possível ver o pavor nos olhos deles”.
Os policiais desconfiaram de um Peugeot preto que veio logo atrás do Fox. Eles abordaram o condutor, identificado como o taxista E.S.F., de 39 anos, que é pai de E.L.F.. Com ele, a polícia encontrou os dois celulares das vítimas, indicando a participação dele no crime.
“Depois, um Fiesta preto com dois ocupantes passou pelo local da abordagem. Um deles estava gravando um áudio no celular. Demos ordem de parada e durante a revista encontramos 26 papelotes de cocaína e R$ 981. No áudio chamavam um advogado dizendo que estavam envolvidos em um sequestro e um assalto”, contou o soldado Wallace, do GAO.
Todos foram encaminhados à 2ª Delegacia Regional de Vila Velha, onde prestaram depoimento.