Uma menina de 9 anos escreveu uma carta relatando os estupros que vêm sofrendo do padrasto, que ela chama de tio, em Machadinho d’Oeste (RO), na região do Vale do Jamari. A carta foi achada na última quarta-feira (22) dentro da mochila dela, após a criança fugir para a casa de uma amiga temendo novos abusos enquanto a mãe viajava. O suspeito não foi localizado desde o dia da denúncia e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil. A Justiça expediu medida protetiva para a criança
Ao G1, a delegada Simone Barbieri, que investiga o caso, informa que a menina contou, em depoimento, que os abusos teriam ocorrido duas vezes. A primeira vez teria sido em 2015 e a segunda vez, neste ano, sempre quando a mãe não estava em casa.
O caso foi descoberto após a criança avisar o monitor da escola onde estuda que estava fugindo para casa de uma colega. Logo em seguida, o monitor chamou a Polícia Militar (PM) para ir à casa da colega citada pela menina.
Os militares foram até o local e encontraram a carta, em que ela relata os estupros, dentro da mochila da menina. O Conselho Tutelar foi acionado para acompanhar a criança, já que a mãe estaria em Porto Velho (RO) com um parente em tratamento médico.
"A menina foi ouvida e encaminhada para exame médico. O exame não constatou a ruptura do hímen, já que não houve penetração vaginal. Os abusos ocorriam pelo toque nas partes íntimas da criança, que também se configura crime de estupro a vulnerável", explica a delegada.
Relato
No texto, a criança pede 'por favor' pra polícia ir até a casa dela.
"Polícia, por favor venha na minha casa hoje, é muito importante, porque meu til [sic] quando minha mãe foi viajar ele fez uma coisa comigo [...] Alguns dias depois minha mãe saiu pra ajudar uma mulher a fazer um bolo para festejar o Dia das Mães. Ele aproveitou para me trancar no quarto, e tirou minha calcinha, e minha bermuda [...] Hoje eu estou mandando essa carta para o senhor, porque eu não quero aguentar isso mais", diz um trecho da carta.
A prisão preventiva do padrasto foi indeferida pela Justiça por insuficiência de provas, mas o magistrado determinou medidas protetivas à criança, devendo o suspeito ficar no limite mínimo de 500 metros de distância da menina, proibido de manter contato e frequentar os lugares onde a criança esteja. Caso o padrasto infrinja a qualquer uma das medidas, deve ser preso por desobediência.
Conforme a delegada, a polícia foi diversas vezes à residência da menina à procura do padrasto para ser ouvido sobre o caso na Delegacia de Polícia Civil de Machadinho d’Oeste, mas até o fechamento desta reportagem, o homem não havia sido localizado.
Ela destaca que ainda nesta semana, a mãe da menina deve ser chamada para ser ouvida, assim como outras testemunhas do caso, e que o inquérito policial deve ser concluído até sexta-feira (30). O atual responsável legal pela criança não foi divulgado para preservar a identidade da vítima.