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Sobrevivente desabafa: "Pedi ajuda, mas muitos só filmavam ou tiravam foto"
Publicado em 2017-06-27 10:48:32




 

"Corri pedindo ajuda, mas muitas pessoas eu via só filmando, tirando fotos e não ajudavam". O desabafo é de Fabiana Silva, 31, uma das sobreviventes do acidente envolvendo um ônibus da Viação Águia Branca, uma carreta, uma mini-van e uma ambulância, na última quinta-feira, na BR 101, em Guarapari. Fabiana saiu praticamente ilesa, mas o marido, o gesseiro Fernando de Souza Dias, 36, acabou morrendo.
 
Ela lembra que o marido estava encostado no ombro dela no momento da batida. “Foi na hora que eu ouvi o barulho do freio, a explosão e o fogo vindo. Quando eu vi o fogo, olhei para o lado e vi que ele não estava. Vi os corpos e algumas pessoas saindo queimadas. Como o fogo estava se alastrando, comecei a correr desesperada, pulei no barranco e comecei a gritar”.
 
Fabiana conta que os momentos após o acidente foram angustiantes, já que ela ouvia o marido gritar por socorro, mas não tinha condições de ajudá-lo.
 
“Ele foi arremessado para perto de uma árvore, onde estava parte do ônibus pegando fogo. Não tinha como eu passar. Eu falava: 'Fernando', e ele respondia: 'Me tira daqui, eu quebrei uma perna e um braço. Preciso criar meus filhos'. E eu não consegui tirá-lo de lá. Corri pedindo ajuda, mas muitas pessoas eu via só filmando, tirando fotos e não ajudavam”
 
Fabiana e Fernando eram casados há três anos, e vieram ao Espírito Santo para o enterro da avó de Fernando. (Com informações de Fábio Linhares, da TV Gazeta)
 
CAMINHÃO FUGIU DA FISCALIZAÇÃO, ACREDITA PRF
 
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) acredita que o motorista da carreta envolvida no acidente com um ônibus e duas ambulâncias na última semana na BR 101 tenha fugido de uma fiscalização. De acordo com o superintendente da corporação no Estado, Wylis Lyra, acontecia uma blitz especial naquele dia na Serra, onde o motorista devia ter sido parado. A fiscalização tinha foco em excesso de peso.
 
Segundo o inspetor, o motorista pode ter parado e esperado a fiscalização, já ciente das irregularidades no veículo, ou fugido por algum caminho desconhecido. Um relatório pericial, complementar à perícia da Polícia Civil, é realizado pela PRF e deve ser finalizado ainda nesta semana, apontando essa e outras situações.
 
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No momento está sendo observado um equipamento chamado tacógrafo, que indica velocidade utilizada, tempo e distância do trajeto feito pelo motorista. Inicialmente, o equipamento indicou que o motorista da carreta estava acima da velocidade, pois andava entre 70 e 80 km/h em uma pista de 60 km/h. Como o equipamento não estava no prazo de manutenção, ele foi levado para uma análise mais detalhada de um laboratório.
 
MELHORIAS
 
De acordo com Wylis Lyra, após a finalização do relatório, uma reunião será convocada com a concessionária da via, a Eco 101, pedindo melhorias no trecho. “O objetivo da PRF é levar para aquele ponto da rodovia melhores condições. Levaremos o documento para a concessionária. Precisamos adotar medidas que evitem acidentes naquele local”, pontua.
 
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A Eco101 informou, em nota, que "assim que receber essa solicitação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) irá analisar o pedido e encaminhar para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão responsável por autorizar a implantação de qualquer dispositivo de segurança sobre o trecho concessionado, cabendo a Eco101 apenas a execução dos serviços e implantação do dispositivo."
 
Até o momento, a PRF acredita que os pneus da carreta estavam carecas, que havia problemas no freio - que falhou - que um dos pneus podem ter estourado antes e que estava chovendo no momento do acidente - o que deixou a pista lisa. A perícia oficial, da Polícia Civil, pode demorar até 30 dias.
 
MORTOS E FERIDOS
 
No total 23 pessoas morreram com o acidente, sendo que o último sobrevivente faleceu neste fim de semana. Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), 10 corpos foram identificados e liberados até agora. Doze foram encaminhados para exame de DNA e apenas duas famílias ainda não fizeram a coleta de material. Os exames também podem demorar 30 dias. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, três pessoas ainda estão internadas: uma permanece em estado grave e outra está estável e um outro paciente foi transferido para a rede particular.
 
 
Fonte: gazetaonline.com.br


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