Do Fundo do Baú 

Eurico pagava advogado para quem brigasse, diz ex-membro de organizada
Publicado em 2017-07-23 10:55:31




 

O futebol é o maior espetáculo esportivo para esmagadora maioria dos brasileiros. Para muitos, ele não é apenas um jogo. É algo que faz parte da cultura e da vida do indivíduo. Move paixões, mas também pode, incrivelmente, incentivar o ódio. E somente neste ano, o Brasil assistiu a uma brutalidade difícil de se explicar e tampouco entender: já foram nove mortes por conta de guerras de torcedores e inúmeras brigas antes, durante e depois das partidas. E o cenário parece não ser muito próspero, até porque os torcedores contam com um suporte financeiro e político muito grande.
 
Muitas destas torcidas organizadas são “patrocinadas” e amparadas pelas entidades que elas representam. Seja por conta de ajuda com passagens e ingressos para os jogos como com aporte jurídico, quando membros são pegos em atos ilícitos, como por exemplo, em brigas e atos de violência.
 
Um torcedor capixaba, que preferiu não se identificar, foi durante cinco anos integrante de uma torcida organizada do Vasco. Ele acabou abandonando a facção por conta da violência.
 
“Eu peguei a época que estava em processo de transição entre a saída do Eurico Miranda e a entrada do Roberto Dinamite. Então dentro da própria torcida havia as divergências políticas. A torcida brigava entre si. Lembro que o Eurico falava que os caras da torcida organizada que eram a favor dele podiam brigar sem preocupar com as consequências que ele garantiria todo o suporte jurídico. E ele colocava mesmo advogado dele para livrar os caras. Já conheci um torcedor que foi solto porque ele cedeu advogado. E aí o pessoal brigava mesmo, sem medo de nada.”
 
Apesar de uma torcida cruz-maltina ter se juntado e feito uma diretoria unificada, em 2016, ainda se vê brigas do mesmo lado das arquibancadas do clube. A Força Jovem, por exemplo, está proibida pela Justiça de ir ao estádio, mas assim como em todas as outras organizadas, os torcedores continuam frequentando os eventos esportivos, no entanto sem se identificarem como T.O., não portando, por exemplo, camisas e bandeiras.
 
“A gente sabe que as torcidas marcam brigas pelas redes sociais. E a maioria dos confrontos acontecem fora do estádio. Nesse último jogo que fui assistir, estávamos todos juntos quando estourou uma briga. Tivemos que sair correndo porque era muita gente. Eu corri muito. Muito mesmo. Entramos dentro de uma casa para nos salvar, senão nem estaria aqui falando com você”, contou o torcedor capixaba.
 
Depois disso ele resolveu que não ia voltar mais ao estádio, pelo menos junto de organizadas.
 
“É perigoso demais você estar neste meio. Desgostei mesmo por conta da violência. Se eu for em algum jogo do Vasco, vou junto dos meus amigos, de carro. Mas em ônibus como ia antes não tenho mais coragem”, comentou.
 
No último Vasco e Flamengo, a confusão aconteceu tanto dentro como fora do estádio. Lamentavelmente, na parte externa, o torcedor David Rocha Lopes foi assassinado com um tiro, durante confronto com rivais. No estádio de São Januário, jogadores do Flamengo ficaram acuados no centro do gramado por conta das bombas e objetos lançados por torcedores no campo.
 
Em abril deste ano, uma pessoa morreu baleada durante confronto entre integrantes da Mancha Alvi Verde, do Palmeiras, e da Gaviões da Fiel, do Corinthians, em frente a uma estação. E em fevereiro, o botafoguense Diego da Silva Santos morreu durante uma briga no Engenhão antes do jogo do Botafogo e Flamengo.
 
Vasco entra na mira da justiça
 
O Vasco foi procurado pela reportagem para responder sobre o depoimento do torcedor capixaba, mas o clube, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não recebeu nenhuma notificação na época referida pelo capixaba e por não ter registros do ocorrido, não vai comentar a afirmação. Já sobre a instauração de inquérito pelo Ministério Público o clube não vai se manifestar enquanto não for notificado judicialmente.
 
No confronto contra o Flamengo, dia 08 de julho, pelo Campeonato Brasileiro, integrantes de uma torcida foram vistos nos camarotes de São Januário e trabalhando como seguranças particulares do clube. O Ministério Público do Estado Rio de Janeiro (MPRJ) instaurou um inquérito. O cruz-maltino foi punido com perda de seis mandos de campo pelo STJD por causa da confusão em São Januário.
 
“Considerando que a vinculação do Club de Regatas Vasco da Gama, através de seu presidente, o Sr. Eurico Ângelo de Oliveira Miranda, com a torcida organizada Força Jovem do Vasco, sabidamente violenta e atualmente punida com ordem de afastamento de toda e qualquer arena esportiva, justamente por conta de envolvimento de seus integrantes em episódios de violência extrema, incrementa e concorre para a segurança do torcedor frequentadores dos estádios” diz o documento da Procuradoria.
 
Emboscada no Klebão
 
Além das brigas entre os rivais dos clássicos regionais e dos rachas que existem dentro de uma mesma torcida, há ainda conflitos entre torcedores que nem possuem rivalidade histórica, como o caso do confronto entre torcedores de Vasco e Atlético Paranaense, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013.
 
Recentemente, foi a vez de corintianos e coritibanos protagonizarem outra triste cena. De acordo com a Guarda Municipal de Curitiba-PR, o confronto começou quando dois ônibus da torcida corintiana passaram pelos arredores do estádio Couto Pereira, no Paraná. Um vídeo que circulou na internet mostra o momento da confusão. As imagens revelaram um ônibus sendo apedrejado e um torcedor sendo fortemente agredido por um grupo.
 
Aqui no Espírito Santo, em janeiro do ano passado, quando Rio Branco e Cruzeiro fizeram um amistoso no estádio Kleber Andrade, há relatos de torcedores da Máfia Azul Capixaba de terem sido perseguidos por uma torcida organizada do Flamengo, que nem sequer tinha a ver com aquela partida.
 
Um torcedor do Cruzeiro, que preferiu não se identificar, relatou o princípio de confusão nos arredores do local.
 
“Saindo do Kleber Andrade, depois do jogo, estávamos alguns torcedores reunidos quando apareceu um grupo de uma torcida organizada do Flamengo, e veio para cima da gente. Eles queriam brigar e foram lá só para isso. Eram cerca de umas 25 pessoas. Ficamos sem entender aquilo, porque apareceram lá para criar confusão. Saímos correndo e ainda bem que conseguimos fugir. Mas foi uma emboscada e poderia ter tido sérias consequências.”
 
Além deste episódio, o cruzeirense relambra outro momento de tensão em que torcedores do clube celeste foram surpreendidos por um grupo que pretendia fazer uma emboscada para os mineiros, momentos antes de uma partida que iria ser realizada na capital pernambucana.
 
“Fomos de caravana assistir a Cruzeiro e Santa Cruz, em Recife. Antes de ir para o estádio, fomos para a praia, como bons mineiros. Quando estávamos lá, chegaram alguns torcedores com pedaço de pau na mão procurando briga com a gente. A torcida do Santa Cruz é aliada da torcida do Atlético-MG, e isso é muito comum os aliados se unirem nas brigas. Então acredito que foram lá para nos surpreender mesmo. Nossa sorte que acabamos percebendo que eles estavam vindo para o nosso lado e conseguimos fugir”, relatou.
 
Fonte: gazetaonline.com.br


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