O jovem Renato Borges de Souza, 19 anos, foi morto ao tentar assaltar um sargento da Polícia Militar, por volta do meio-dia desta terça-feira (18), na BR 262, na altura do bairro Guaritas, em Viana.
O militar – que não quis ser identificado – estava em um Gol preto e seguia para o trabalho, em Cariacica. Ele dirigia no sentido Cariacica - Viana e parou em um sinal fechado para entrar no retorno e seguir pela via contrária.
Enquanto aguardava o sinal abrir, o sargento, de 48 anos, percebeu três jovens andando pelo canteiro central da rodovia. Um dos rapazes, identificado posteriormente como Renato Borges, vinha na frente e se aproximou da porta do carro do militar, que estava sozinho e fardado.
O vidro do veículo possui película de proteção solar escura, o que impediu que o suspeito visse quem era o condutor.
“Ele sacou a arma e bateu com força no vidro, xingando. Eu não tive outra alternativa a não ser reagir”, contou o PM.
O sargento fez sete disparos contra Renato, sendo que cinco atingiram o jovem: um no peito, um no ombro esquerdo e três nas costas.
“Eu desci do carro, liguei para o Ciodes, acionando reforço, e também para o Samu, e o algemei”, detalhou o sargento.
Porém, o rapaz não resistiu e morreu ainda na BR 262. Com ele, foi recolhida uma arma calibre 32 que a perícia constatou que estava sem munição.
Os outros dois comparsas de Renato fugiram sem deixar pistas. A rodovia federal ficou com o trânsito parado nos dois sentidos, por cerca de três horas, até a retirada do corpo do rapaz pela Polícia Civil.
Mãe chora ao ver filho morto na rodovia
Familiares do jovem Renato Borges de Souza estiveram no local onde aconteceu a tentativa de assalto. Em meio ao choro constante, a mãe fez carinho na cabeça do filho e precisou ser amparada por irmãs e sobrinhos.
“Descobrimos há apenas um ano que meu sobrinho estava usando drogas. Ele era muito carinhoso com todos. Ver meu sobrinho como bandido dói demais”, desabafou uma das tias de Renato, Márcia Borges.
Ela diz que, no ano passado, a família tentou internar o rapaz, que recusou. “Ele prometeu que não ia usar droga. Nós oramos a Deus, mas não conseguimos fazê-lo sair disso”, diz a tia.
Defesa
“Atirei, pois era a minha vida que estava em jogo” X., 48 anos, Sargento da PM
Há 27 anos integrante da Polícia Militar, e demonstrando calma, o sargento, de 48 anos, disse que não tinha outra alternativa a não ser atirar. “Se abaixasse o vidro, ele descobriria que eu era policial e atiraria na minha cara”, afirmou o militar.
O senhor percebeu a aproximação dos suspeitos?
Eram três jovens que vinham andando pelo canteiro central da rodovia, como muita gente faz.
Como eles o abordaram?
Um deles se aproximou e sacou a arma. Ele bateu com ela no vidro, gritou ‘abre, abre’, e xingou, tentando me intimidar.
E como foi sua reação?
Quando ele começou a bater no vidro, saquei a arma e fiz os disparos. Não tinha outra alternativa. Se abaixasse o vidro, ele descobriria que eu era policial e atiraria na minha cara.
O senhor já tinha matado alguém?
Não. Nunca passei por uma situação assim. Só atirei porque minha vida estava em jogo. Nossa profissão é muito estressante e temos que saber lidar com situações diversas. A gente lamenta, mas não tem outra solução. Se fosse um cidadão comum, teria perdido o carro ou até a vida.
Fonte: gazetaonline.com.br