Investidores de empresas acusadas de pirâmide financeira estão com medo de cair na malha fina. Os associados da Telexfree e da BBom acusam as companhias de não entregarem o informe de rendimentos, documento necessário para realizar a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte 2014.
Segundo os associados que buscaram a Receita Federal, não consta no sistema do Fisco nenhuma informação sobre pagamentos de tributos referente à prestação de serviços de divulgação do voip da Telexfree e de rastreadores da BBom.
O prazo para declarar os rendimentos, investimentos e a quantia de impostos pagos à Receita Federal se esgota em 30 de abril.
No Facebook, até líderes de rede das empresas buscam informações sobre a declaração. Eles acusam as empresas de terem descontado o imposto, mas de não terem repassados ao Leão.
Em vídeo, postado no Facebook, na última segunda-feira, o sócio da companhia, Carlos Costa, disse que uma investigação da Receita Federal no Espírito Santo, que durou nove meses, constatou não haver nenhuma irregularidade com os negócios da companhia. Ele afirma que a empresa - registrada em Vitória com a razão social de Ympactus Comercial - foi autuada porque não havia mudado o regime tributário.
Até o ano passado, apesar de pagar quantias milionárias para seus associados, a Telexfree estava enquadrada no Simples Nacional. Estimativas apontam que a empresa tenha faturado mais de R$ 1 bilhão em dois anos de atuação.
Com essa receita, a empresa estaria desrepeitando as regras do Supersimples, que oferece impostos reduzidos a empresas que faturam no máximo R$ 3,6 milhões ao ano.
Segundo Carlos Costa, a multa prova que a empresa é legal.
A Receita Federal foi procurada, mas disse que não pode dizer se realmente autuou a Telexfree.
No ano passado, a Delegacia da Receita Federal no Espírito Santo havia afirmado investigar a empresa, os recolhimentos tributários e também os associados.
Entenda a situação
A Telexfree foi bloqueada pela Justiça do Acre em junho do ano passado e aguarda a realização de uma perícia para que seu destino seja selado. Ministérios Públicos de vários estados acusam a empresa de ser uma das maiores pirâmides financeiras do país. Estimativas apontam que a empresa tem mais de 1 milhão de associados.
Investigações apontam que a Telexfree usa o sistema de marketing multinível e a venda de voip para mascarar a fraude. No Espírito Santo, onde fica a sede da companhia, empresa é investigada pela Polícia Federal. O inquérito está sob sigilo.
A Comissão de Valores Mobiliários (SEC) nos Estados Unidos confirmou também investigar a empresa por irregularidades. Nos EUA a empresa está situada no Estado de Massachusetts.
Há uma semana, a Telexfree LLC mudou o plano de bonificação, levando vários usuários a invadirem uma das filiais da empresa, localizada em Las Vegas, atrás de informações.
Já a BBom, que está parcialmente bloqueada, foi envolvida num novo escândalo. Relatório do Ministério da Fazenda apresentado à 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo aponta que a empresa oferecia ganhos de até 24.000% ao ano.
As duas empresas são alvo de ações civis públicas que pedem o fechamento das companhias, a devolução do dinheiro aos associados. Elas também são investigadas na área criminal por lavagem de dinheiro, fraude financeira e crime contra a economia popular.