O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) recebeu o laudo da perícia que mostra que o tiro que matou o menino de 10 anos durante uma perseguição no Morumbi, no último dia 2, partiu da arma de um policial militar de moto. O menino que morreu e um amigo, de 11 anos, tinham invadido um prédio e furtado um carro. Na perseguição policial, o garoto de 10 anos foi morto com um tiro na cabeça.
O laudo da perícia, recebido pelo DHPP na segunda-feira (13), determina que o menino foi morto com um único tiro, de uma pistola calibre .40, que atingiu a área próxima ao seu olho esquerdo. Os peritos analisaram as armas de todos os policiais que participaram da perseguição no Morumbi.
Desde segunda-feira, os seis policiais militares têm que se apresentar na Corregedoria às 8h para fazer serviços administrativos. Antes, os policiais já tinham sido retirados das ruas, mas não precisavam comparecer à Corregedoria. Todos são novos na polícia, a maioria trabalha no policiamento de rua há apenas seis meses.
Para o advogado dos policiais, Marcos Manteiga, eles estão em "uma prisão velada e ilegal", já que nenhum deles foi indiciado por qualquer crime envolvendo o menor morto.
A Corregedoria da PM apura se eles cometeram irregularidades durante a abordagem ao menino. A Polícia Civil investiga ainda se os agentes agiram em legítima defesa, como alegam, ou se executaram a vítima.
Os PMs disseram que revidaram os disparos feitos pelo menor durante perseguição policial. A defesa dos policiais militares diz que a câmera não registrou o tiro dado pelo menino, porque ele teria disparado contra os policiais com o carro em movimento.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) deve marcar ainda nesta semana uma reconstituição.
A delegada Ana Paula Rodrigues, responsável pelo caso, quer que essa reconstituição seja feita no mesmo dia e no mesmo horário em que tudo aconteceu, como mostrou o Bom Dia São Paulo.
Nova versão
Na sexta-feira (10), o advogado dos policiais militares investigados afirmou ao SPTV que seus clientes disseram ao DHPP que o tiro no menino foi dado com o carro ainda em movimento. No boletim de ocorrência do caso, os PMs tinham dito que o tiro que matou o menor tinha sido dado após o veículo guiado pelo garoto bater.
Em seus depoimentos no DHPP, que duraram quase 11 horas, os PMs voltaram a dizer que agiram em legítima defesa, porque o garoto atirou na direção deles.
Ouvidoria
Para Júlio César Fernandes Neves e Walter Foster Junior, ouvidores da polícia de São Paulo, o caso necessita de uma atenção especial, já que a perícia apontou que no local onde o menino foi morto foi alterado pelos PMs. Os agentes alegaram que tiveram de revirar o veículo em busca de mais armas, já que o menino teria atirado com um revólver calibre 38.
A Ouvidoria da Polícia pediu para o DHPP fazer a reconstituição do caso, reproduzindo a perseguição dos PMs ao carro furtado e o momento em que o menor foi morto.